quarta-feira, 9 de junho de 2010

Parque Ecológico

O parque eco-tech: sem poluir, com tecnologia de 20 anos atrás
O aqueduto não chega aqui: a chuva do telhado é levada a cisternas. Nem o carteiro passa para entregar as contas de gás ou do óleo diesel no Parque das Energias Renováveis em Frattuccia Guardèa, província de Terni, na Itália. A eletricidade necessária está na bateria traseira, alimentada por painéis fotovoltaicos de 2,5 Kw no telhado, por painéis solares de 1,4 Kw em cima da varanda e de dois geradores eólicos de 1,4 Kw. E se a meteorologia não ajudar, um grupo eletrógeno de 5 Kw que queima óleos vegetais é ativado automaticamente. A coisa ou os girassóis dos quais eles são produzidos são cultivados nessas empresas agrícolas de 40 hectares, dos quais 30 são de área verde. O próprio trator foi adaptado para funcionar com óleo vegetal.

Alessandro Ronca, que é o jovem fundador e o diretor do parque, explica: "Queríamos simplesmente demonstrar que tudo isso é possível. Que um estilo de vida sustentável está ao alcance de qualquer um, e não exige que se renuncie aos confortos ou que se recorra a tecnologias ousadas. Tudo o que é preciso para fazer com que o parque siga em frente foi inventado pelo menos há 20 anos".

No almoço, por exemplo, cozinha-se com forno solar, que no verão faz ferver uma panela de água em poucos minutos. No inverno, esse conjunto de espelhos de alumínio (muito usado na África) é deslocado para a estufa que está no lugar da varanda. A água quente chega dos painéis solares ou da estufa alimentada a lenha, serragem ou papel reciclado.

Em Frattuccia, são organizados também seminários para difundir o conhecimento das tecnologias sustentáveis. "Mas a atividade que nos dá mais satisfação são os cursos para crianças", explica Ronca, enquanto gira uma manivela que faz acender vários tipos de lâmpadas. "Com este aparelho, as crianças descobrem quanto custa produzir eletricidade. E como é mais fácil fazer iluminar uma lâmpada de baixo consumo em comparação com uma tradicional. Hoje, é tão simples acender um interruptor que perdemos o valor da energia".

Na sala onde se realizam os cursos, a iluminação é ótima, apesar da localização em um semi-subsolo. Porém, as lâmpadas fixadas no teto nunca ouviram falar de eletricidade. "São amplificadores de luz natural e lentes de Fresnel, usadas também no cinema", explica Ronca. A luz recolhida do exterior é conduzida e refletida em tubos de alumínio, depois jogada na sala. Permite que se mantenha os lustres desligados até o último raio de sol.

O inverno chuvoso e a primavera raivosa mantiveram quase cheias as cisternas de 250 mil litros do parque. E um dos dois geradores eólicos está parado porque a bateria está cheia. "A empresa agrícola – explica Ronca – havia sido abandonada por causa da seca depois dos anos 80. Hoje, graças também à recuperação das águas usadas, nos tornamos autossuficientes mesmo tendo agroturismo e restaurante".

Antes de realizar o parque, Ronca havia trabalhado nos vilarejos turísticos do Quênia e da Tanzânia. "A água era transportada em caminhões e, nos safaris, a única fonte de energia era o sol", relata. Entre as suas fontes de inspiração, está o Cat (Center for Alternative Technology), uma espécie de comunidades reunidas por alguns idealistas do País de Gales que se cansaram de marchar contra a energia nuclear e decidiram construir um edifício para viver sem poluir.
"Hoje, o Cat – conta Ronca – se tornou um parque ecológico com 80 mil visitantes por ano, que organiza cursos para técnicos ou cidadãos normais, explicando a importância dos painéis solares ou ensinado como produzir biodiesel em casa". Demonstrações de que até os idealistas, com a competência e a tecnologia, chegam longe.


(Por Elena Dusi - Envolverde/IHU-OnLine)

Nenhum comentário:

Postar um comentário